Realismo em Portugal

REALISMO EM PORTUGAL


Realismo em Portugal foi um movimento artístico e literário que se iniciou no país a partir dos anos 1960. A corrente buscava promover uma crítica ao sistema social imposto até o momento e contribuir para que o país alcançasse a modernidade através da literatura.   

A tendência artística surgiu durante o embate entre autores do Romantismo e Realismo. Neste choque de ideias, denominado de Questão Coimbrã, os artistas realistas criticavam e confrontavam o individualismo e o academicismo da corrente anterior.

Entenda abaixo o contexto que contribuiu com o surgimento do Realismo, como ele se desenvolveu em Portugal e o que foi a Questão Coimbrã.


Questão Coimbrã






O Realismo em Portugal teve início no ano de 1965, após a Questão Coimbrã que envolveu o grupo de jovens da época e o grupo de artistas seguidores do Romantismo.

Na época, estudantes de diversas localidades se reuniram na cidade de Coimbra e, inspirados nos ideais revolucionários e no antirromantismo, teceran críticas à organização social portuguesa e sua bases monárquicas e coloniais.

Antero de Quental e Teófilo Braga publicaram seus livros, respectivamente, “Odes Modernas” e “Tempestades Sonoras”. As obras desagradaram os literários e artistas mais conservadores do Romantismo, pois romperam com o academicismo da época e promoveram um tom mais revolucionário.

O escritor romântico Antônio Feliciano de Castilho, então, escreveu duras críticas aos autores realistas no prefácio do livro “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, e argumentou que o novo estilo não tinha bom senso nem bom gosto.

Em resposta, Antero de Quental escreveu e publicou uma carta aberta direcionada a Castilho e a chamou de “Bom Senso e Bom Gosto”.

Parte da carta dizia:        

Acabo de ler um escripto de v. ex.ª onde, a proposito de faltas de bom-senso e de bom-gosto, se falla com aspera censura da chamada eschola litteraria de Coimbra, e entre dois nomes illustres se cita o meu, quasi desconhecido e sobre tudo desambicioso.

Esta minha obscuridade faz com que a parte de censura que me cabe seja sobre maneira diminuta: em quanto que, por outro lado, a minha despreoccupação de fama litteraria, os meus habitos de espirito e o meu modo de vida, me tornam essa mesma pequena parte que me resta tão indifferente, que é como que se a nada a reduzissemos.

Os confrontos de ideias continuaram a se desenrolar por vários anos do Realismo em Portugal. Os liberais passaram a organizar eventos com o intuito de realizar o debate de ideias e contribuir para que Portugal alcançasse a modernidade através da literatura.

As Conferências Democráticas do Cassino foram promovidas em 1871 e nelas apareceram textos que falavam sobre as classes sociais e suas lutas. Eça de Queiroz foi um personagem de destaque nessas conferências e passou a defender o Realismo em Portugal.   


Características do Realismo em Portugal


O Realismo em Portugal herdou muitas das características do movimento em outros países, inclusive do Realismo no Brasil. As principais delas foram a investigação da realidade social e a busca por entender a realidade dos países. 

Outra proposta dos poetas e artistas da geração 70 (nome dado aos jovens realistas em Portugal) era fazer com que as máscaras sociais e da hipocrisia caíssem e as pessoas mostrassem suas verdadeiras faces. A arte do período tornou-se engajada e satírica, além de ter a função de realizar denuncias.      

As outras características do Realismo em Portugal foram:

  • Objetivismo e cientificismo;
  • Foco nos ideais revolucionários do socialismo;
  • Destaque das pessoas comuns e para a vida cotidiana;
  • Oposição ao sentimentalismo e negação dos sentimentos;
  • Materialismo e busca pela realidade dos fatos;
  • Rejeição à monarquia e clero.

Principais autores do Realismo em Portugal


O Realismo em Portugal foi um movimento que permitiu o aparecimento de diversos autores focados em realizar críticas à organização da sociedade portuguesa. Conheça abaixo os principais representantes da corrente.

Eça de Queirós




Eça de Queiroz (1845 – 1900) foi escritor e diplomata português. Não participou da Questão Coimbrã, mas foi um dos maiores representantes do Realismo em Portugal.

O autor foi um duro crítico de Portugal e do clero do país e por isso sua obra não era bem vista pelos conservadores.

“Os Maias” e o “O Crime do Padre Amaro” foram as obras mais representativas da época.  

Os seus principais livros foram:

  • Mistério da Estrada de Sintra (1871);
  • O Crime do Padre Amaro (1875);
  • O Primo Basílio (1878);
  • O Mandarim (1879);
  • Os Maias (1888);
  • A Relíquia (1887);
  • A Cidade e as Serras (1901);
  • A Correspondência de Fradique Mendes (1900).

Antero de Quental

Antero de Quental (1842 – 1891) foi um dos autores que se envolveu no confronto de ideias gerado pela Questão Coimbrã.

Antero propôs um pensamento crítico na literatura portuguesa e para isso a organização social deveria ser questionada pelos autores. Os primeiros sonetos do autor foram publicados em 1861, entretanto foi a partir da publicação de “Odes Modernas” que ganhou destaque.

Entre suas obras estão:

  • Sonetos de Antero (1861);
  • Odes Modernas (1865);
  • Bom Senso e Bom Gosto (1865)
  • Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865)
  • Causas da decadência dos povos peninsulares (1871).







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