Realismo no Brasil

 REALISMO NO BRASIL


Realismo no Brasil surgiu em 1881, quando o escritor Machado de Assis publicou seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas. Essa obra apresenta as principais características desse estilo, isto é, a análise psicológica dos personagens e a temática do adultério.

É possível afirmar que Machado de Assis é o único autor realista de fato no Brasil, já que suas obras não apresentam características típicas do Naturalismo, como o determinismo, por exemplo, como ocorre nos livros de outros escritores brasileiros dessa época, como Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, Júlia Lopes de Almeida e Raul Pompeia.

Características do Realismo no Brasil

  • Antirromantismo;

  • Linguagem objetiva;

  • Valorização da razão;

  • Ironia;

  • Crítica à burguesia;

  • Temática sociopolítica;

  • Análise psicológica;

  • Tema do adultério;

  • Análise da sociedade;

  • Foco no presente.

Influências do Realismo no Brasil

Os escritores realistas e naturalistas no Brasil sofreram influência, principalmente, de autores europeus, como os franceses Gustave Flaubert (1821-1880), escritor realista, e Émile Zola (1840-1902), autor naturalista. Além deles, o português Eça de Queirós (1845-1900) foi uma grande influência para os escritores brasileiros.


Autores do Realismo no Brasil

Machado de Assis
Machado de Assis é o principal escritor realista brasileiro.

É possível afirmar que Machado de Assis é o único escritor de fato realista no Brasil. Ele iniciou sua carreira como um autor romântico, porém passou por duas fases literárias. Em 1881, aderiu ao Realismo ao publicar Memórias póstumas de Brás Cubas. Desse modo, seus livros não apresentam as principais características naturalistas, como o determinismo, presente na maioria das obras de outros autores dessa época no país.

É necessário destacar que obras naturalistas também são realistas, pois são antirromânticas, valorizam a razão e fazem crítica sociopolítica. No entanto, textos naturalistas apresentam, também, outras características definidoras, como, por exemplo, o determinismo e a zoomorfização, que não fazem parte dos romances machadianos.

Estes são os principais escritores naturalistas brasileiros:

  • Adolfo Caminha (1867–1897);

  • Aluísio Azevedo (1857–1913);

  • Júlia Lopes de Almeida (1862–1934);

  • Raul Pompeia (1863–1895).

Vale ressaltar, porém, que a escritora Júlia Lopes de Almeida é considerada por alguns estudiosos como uma escritora realista cujas obras apresentam traços do Naturalismo.


 Alguns Exercícios resolvidos sobre Realismo no Brasil

Questão 1

(Enem)

Capítulo III

Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja — primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava o francês, Jean; foi degradado a outros serviços.

ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. v. 1. (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside

a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência.

b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes.

c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião.

d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho.

e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.

Resolução:

Alternativa A.

No trecho do romance Quincas Borba, uma das principais obras realistas de Machado de Assis, o caráter universal de sua abordagem reside “no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência”. Isso porque esse tipo de conflito é um tema que não está restrito à realidade brasileira, portanto pode ser compreendido em tempos e lugares diferentes. Já a questão do “triunfo da aparência sobre a essência”, além de ser um elemento também universal, faz parte de uma crítica realista, pois o narrador machadiano aponta a futilidade da vida burguesa.

Questão 2

(Enem) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:

a) ...o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...

b) ...era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...

c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,...

d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...

e) ...o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

Resolução:

Alternativa A.








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